Quão bom é julgar um livro pela capa

Eu tenho um problema em lidar com comunidades.opinion page of newspaper
Isso é uma verdade que me incomoda cada vez mais, mas não consigo necessariamente evitar. Não que eu seja antisocial, é só que tem uma coisa que me incomoda muito, o demasiado senso de maria-vai-com-as-outras que se instalam em qualquer tipo de comunidade.

Há muito tempo eu pensava que eu gostaria de ser mais ativa em comunidades da internet, mas sei lá, parece que nada me chamava extremamente a atenção para que eu me envolvesse o suficiente para dizer que ‘faço parte’. Até que pensei : “Poxa, tem os livros, adoro livros…”

Bem isso é uma verdade mas vamos analisar: Eu raramente leio resenhas, por um  motivo muito simples, uma resenha pode destruir a vontade de uma pessoa de ler um livro que ela realmente pode gostar, pois é afinal, uma opinião de uma outra pessoa. Existem pouquíssimos sites em que leio resenhas, procuro então ficar atenta as sinopses, pois elas procuram fazer com que você leia o livro, se a sinopse, que serve para vender o livro, não te agrada, pouquíssimo provável que ele te agradará.

Uma vez minha mãe me perguntou como eu fazia para escolher livros, eu não soube responder. Sabe aquele ditado de nunca julgar o livro pela capa? Metaforicamente falando pode ser que ele tenha aplicabilidade, mas na verdade isso não acontece, como comprar o livros se não o julgarmos pela primeira impressão? É assim que eu escolho livros, eu olho a capa, leio a sinopse e compro, torcendo para que ele vire um dos meus favoritos e não um daqueles que não fizeram a menor diferença na minha vida. Na pior das hipóteses ele será algo que me garantirá 2 ou 3 dias de distração.

Mas voltando as comunidades: Livro como outras coisas – com música por exemplo – é uma questão de gosto, então, a não ser que você encontre alguém muito compatível com você vai ter que ouvir coisas do tipo “Aff, esse livro é horrível” ou “Isso é modinha” ou qualquer coisa dessas que estamos tão acostumados a ouvir quando escolhemos ouvir um estilo musical ( Se você ouve rock possivelmente passou por isso quando uma vez na sua vida resolver ouvir, sei lá, Guns N’ Roses e contou para alguém que só ouvia Metallica, bem, é a mesma situação idiota )

Pouquíssimas pessoas entendem a importância de se ler um livro. Os chamados bons livros são raros, e nem sempre agradam personalidade de todos, isso não quer dizer que a pessoa seja ignorante ou menos culta que outras. É como na música novamente, muitos que ouvem música clássica diminuem a importância de outros estilos mais populares, que são tão importantes culturalmente quanto a música clássica. Metaforicamente, estão julgando livros pela capa.

Certa vez vi uma frase do Mario Quintana “Llivros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Amo essa frase e talvez seja uma das mais verdadeiras que ouvi até hoje. Mas a verdade é: Não se pode esperar que todos os livros mudem as pessoas. Livro além de ser um local de aprendizagem é um meio de entretenimento, da mesma maneira que um jogo, que um show, você pode até aprender alguma coisa, mas pode ser que você o queira apenas para fazer sua mente viajar. Como quando vamos ao cinema.

Eu acredito que o excesso de peso que colocam sobre a leitura, achando que ela precisa chegar a todos como um manifesto educacional e político sobre os problemas mundiais, só faz com que a disseminação dessa prática se torne mais difícil.

E o que me irrita nas comunidades é o pensamento que o que aquela comuidade discute é sempre melhor, mais importante, ou vai fazer mais diferença do que todo o resto. E o pior, muitas pessoas que se consideram cultas concordam sem questionar com esse tipo de pensamento e muitas vezes reprimem opiniões contrárias a essa com argumentos esdrúxulos.

Não vou generalizar, nem todos as comunidades são assim, como nem todas as pessos seguem esse esteriótipo, mas é algo que me incomoda tanto que sempre me desanima quando penso em interagir com as pessoas sobre determinados assuntos.

Ai você me diz “Mas é normal, sempre vão ter pessoas assim em qualquer lugar”. Pois é, eu sei, mas é que eu prefiro evitar a fadiga.

De qualquer maneira eu estou trabalhando minha mente, de ignorar essas pessoas idiotas em comunidades, e tentar utilizar o que se tem de melhor nesses ambientes: a interatividade.

Quem sabe um dia eu não esteja no circuito de pessoas legais em comunidades de leitura. Só peço uma coisa, minhas resenhas são minhas opiniões, os livros que eu leio são para proporcionar meu entretenimento, tente ter a sua opinião sobre tudo, porque melhor do que deixar de ler um livro porque alguém disse que é ruim, é ler o livro para você mesmo poder dizer que é ruim e porquê. Aí nisso eu concordo, um livro pode não fazer você aprender muito, mas pode fazer com que você tenha uma opinião sobre alguma coisa.

Ser pensante

Desde que vi um twitter de um amigo, que dizia alguma coisa parecida com “Veja esse vídeo se você é um ser pensante”, parei um pouco para raciocinar o que exatamente isso significava.

Esse tipo de questionamento é o que me torna uma pessoa extremamente chata sempre às vezes.

Acho que o conceito de “ser pensante” sempre esteve muito ligado ao quanto culta é uma pessoa. E essas pessoas, no geral, são admiradas pelas demais, por possuírem idéias ímpares, na maioria das vezes contra o que a massa da população acredita. Quando não são admiradas, são pelo menos notadas.

Os filósofos eram essencialmente seres pensantes, pois basicamente era isso que faziam, viviam a pensar sobre a existência humana e dúvidas existenciais, pensaram sobre a organização da sociedade e sobre o comportamento humano. Alguns deles também pensaram sobre política, sobre formas de governo, eram literalmente seres pensantes.

Depois, na época da Renascença, “seres pensantes” eram pintores, escultores, pessoas como Leonardo Da Vinci eram consideradas modelos (algumas vezes loucos também), eram eles quem ditavam a tendência, mas não a tendência de massa, era uma tendência para pessoas igualmente cultas, essas que se consideravam mais pensadoras do que o restante.

Estou lendo um livro chamado “Resistência – A história da mulher que desafiou Hitler”, achei algumas partes impressionantes, histórias de pessoas que arriscaram sua vida por suas idéias, por seus objetivos, pelo que acreditavam.

Dentre tantos acontecimentos, eram admiradas pessoas pensantes nas Grandes Guerras, nas independências dos países (não que o nosso seja um grande exemplo disso) e na luta para se ter uma vida melhor. No Brasil tivemos movimentos contra a ditadura, que acho, até hoje, que foi o que tivemos de mais concreto quando falamos de pessoas que têm uma idéia e querem defendê-la (pelo menos as pessoas se mexiam para isso).

Passando o tempo, essa questão de “ser pensante”, de ter uma opinião, começou a fazer com que as pessoas achassem que simplesmente por ser do contra elas estão acima em um nível intelectual, e que se alguém tem uma opinião sequer próxima da massa é uma pessoa alienada, que não consegue separar o joio do trigo.

Não quero dizer aqui que ser do contra é ruim, opiniões diversas movem a sociedade. Só acho que estamos ficando cada vez mais hipócritas em relação a isso. Ser uma pessoa de opinião está virando algo relacionado a status, mas isso não é o ruim, sempre foi assim, o que é realmente ruim, é que certas pessoas que dizem ter opinião, são só papagaios mal treinados de idéias de outros e não tem a menor noção do que estão falando.

Existem pessoas hoje que se prendem tanto no status de “ser pensante” que se tornam contra tudo e contra todos, a fim de simplesmente mostrar o quanto os outros estão errados. Essas pessoas se tornam insuportáveis. E normalmente tem opiniões sem base nenhuma ou totalmente absurdas somente para sustentar sua revolta.

Quando tinha por volta de 10 ou 11 anos, lembro que pedimos para a professora deixar que ouvíssemos a música do Gabriel O Pensador, “Cachimbo da Paz”, me lembro claramente como foi e como crianças de 11 anos  foram capazes de entender exatamente do que a música dizia, cada palavra, e não só literalmente, como também socialmente, os impactos da maconha para as pessoas, se ela deveria ser liberada ou não, discutimos isso com 11 anos de idade  enquanto muitos adultos eram ou se faziam cegos àquilo. Essas mesmas crianças dançavam “É o Tchan”, assistiam “Chiquittittas” e claro, à novela das 8. Seres pensantes ou produtos da massa?

Na época dos meus pais – que viveram uma parte da adolescência durante a ditadura militar – eram consideradas pessoas pensantes aqueles que defendiam o seu país como um lugar democrático, que levavam bomba de gás, tiros de borracha e chegavam em casa com as costas roxas de cassetete. As músicas traziam nas entrelinhas mensagens de revolta contra o governo, e somente as pessoas igualmente intelectualizadas conseguiam entender. Hoje qualquer um adquire o título de pessoa pensante simplesmente por não gostar de funk.

Aí temos uma coisa realmente engraçada, se você é uma pessoa de opinião, e por algum motivo bizarro gosta de funk, acabou de perder se status como ser pensante da sociedade, você passou a ser somente mais um da massa popular, independente de você lutar ou não pela melhoria da educação, da saúde ou buscar formas de disseminar cultura no seu bairro ou na sua cidade.

Confesso, pertenço ao grupo de pessoas que se acham pensantes e que não gostam de funk, mas também pertenço ao grupo de pessoas que não buscam jamais as autoridades para que eles façam suas obrigações já que pagamos um valor enorme de impostos, e raramente me interesso pelas coisas que estão acontecendo o suficiente para ter uma opinião à respeito.

Acho que esse é mais um texto sem conclusões, sem tomar partido de quem é certo ou errado, mesmo porque não tenho uma opinião fechada sobre isso, a mutação é constante. A única coisa que posso dizer é que praticamente todos que vissem o twitter desse meu amigo se achariam no direito de assistir ao vídeo, e realmente quase todos teriam esse direito. Isso porque de uma forma ou de outra as pessoas sempre tem aquela pequena faísca de “ser pensante”, aquela opinião do contra, mesmo que fique só dentro dela.

Se você não sabe, o Google sabe?

Desde que abri esse blog venho observando uma sessão das estatísticas do WordPress: “Termos de motor de busca”.

Achei muitas coisas lá: desde de “o q fazer para nao sentir sono o tempo todo” até “eu não acredito em sentimentos”. Enfim, inúmeros e diferentes termos que acabavam levando à poemas, poesias ou textos que eu já escrevi. Mas não foi isso que me chamou a atenção.

O que me chamou realmente a atenção foram as perguntas que são colocadas em um buscador, perguntas como “o que fazer quando o namorado esta estranho” ou “porque viver assim se a vida é tao bela”.

O que as pessoas realmente pensam quando param diante de um computador e perguntam porque suas vidas estão como estão?

Vivemos em uma era que muitos dizem que os relacionamentos interpessoais estão cada vez mais raros, eu particularmente discordo, acho que a vida online é uma extensão, apenas mais um canal pelo qual você pode se conectar às pessoas. Mas de qualquer maneira, muitos acham que as pessoas estão deixando de ter o relacionamento humano, téte-a-téte, tentado evitar principalmente as frustrações e decepções que são tão comuns, seja em relacionamentos amorosos, amizades ou simplesmente coleguismo.

Ao ver essas perguntas, pensei em que estado um ser humano está para se sentar na frente de um computador, entar no Google, e ao invés de procurar ‘Introdução a lógica de programação’, procurar ‘Qual será o próximo passo da minha vida?’.

Será que essa pessoa realmente acha que vai encontrar uma resposta?

Sabe o que é o pior? Ela vai!

Tem de tudo da internet, sabemos disso, até pessoas dando conselhos esdrúxulos de como os outros devem seguir sua vida.

E agora? Alguém irá se apagar a uma página de internet, um emaranhado de tags, salvos com .html para direcionar sua vida? Escrito por alguém que poderia estar extremamente depressivo, ou alguém que simplesmente nunca passou por uma situação daquela realmente, só escreveu porque achava o tema ‘bonitinho’?

Sou do tempo em que conselhos se pedia para as amigas, mães, primas, não eram os melhores conselhos do mundo, tenho que dar o braço a torcer, mas pelo menos elas olhavam nos olhos e tentavam deixar a situação um pouco mais agradável.

Muitos dizem que a nossa geração é uma geração imediatista, com isso eu concordo, jamais iremos conseguir esperar 1 semana por um produto, pois estamos acostumados a que ele seja entregue em 24h. Isso mesmo, 24h e não um dia útil, porque não temos exatamente a definição do que é um dia útil, já que trabalhamos em tantos dias diferentes da semana, somente conseguimos saber quais são os tão falados ‘dias úteis’ quando precisamos ir ao banco.

Mas será que essa geração imediatista está chegando ao limite de achar que até mesmo os seus sentimentos, dúvidas de existência e até todas as filosofias que passam em sua mente serão resolvidos em 24h?

Que é somente entrar no Google, digitar qual é a sua dúvida que terá uma receita de como se resolver?

Não estou dizendo que todas as pessoas irão seguir qualquer coisa que encontram na internet, o problema é que quando uma pessoa se submete a isso, está totalmente sem rumo, e como diz William Shakespeare “se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve”.

Talvez a única coisa que as pessoas precisem agora é estar mais perto uma das outras. Não estou condenando a tecnologia, longe de mim, e nem dizendo que mais perto é sentar ao lado de alguém para conversar, apenas acredito que aquelas perguntas da sua vida, que você gostaria tanto que tivesse alguém para ajudar a responder, serão bem melhores dicutidas em um e-mail para aquela sua amiga que mora a 20 minutos da sua casa, do que por um buscador na internet.

Não sou adepta a teorias de que o mundo entrará em colapso, nem que nossos filhos e netos serão pessoas obesas, que ficarão sempre dentro de casa, em um computador, conectadas a internet todo o tempo e mal saberão falar com um outro ser humano.

Mas acredito que o ser humano esteja regredindo nesse sentido. Estamos cada vez com mais receio de nossos sentimentos, com medo de mostrá-los, até para as pessoas mais íntimas. Com medo de acabar se decepcionando com algo que aconteça, mas simplesmente ignorando que a mesma coisa que pode nos decepcionar pode trazer uma enorme felicidade.

Não tinha colocado essa palavra no meu blog ainda, felicidade, agora, colocando-a no meu texto, não acho difícil encontrar mais um termo nas estatísticas do wordpress: “Como encontrar a felicidade”

Bom, para ser bem sincera eu não sei o caminho, mas também acho pouco provável que o Google saiba te responder.